Agronegócio

Carolina Brown tem 20 anos de experiência no setor de logística internacional trabalhando em empresas de navegação e operadores logísticos; o desafio é estreitar as relações comerciais com clientes e aumentar a participação do terminal no mercado

Com quase 20 anos de experiência no setor de logística, a administradora Carolina Merkle Brown, é a nova aquisição do time da TCP – empresa que administra o Terminal de Contêineres de Paranaguá. A executiva ocupa o cargo de Gerente Comercial de Armadores, uma posição estratégica e ocupada na grande maioria das vezes por homens.

Como principal missão, ela deverá contribuir na consolidação de imagem e posicionamento ocorridas por mudanças na cultura e na estratégia da empresa – ajustes que vieram após a aquisição feita pela CMPort, em 2018.

Carolina destaca que os projetos da companhia são ambiciosos e que não há tempo a perder. “A TCP é um terminal diferenciado que possuí enorme potencial para atingir seus objetivos rapidamente. Traçamos diversas estratégias e metas para estreitar ainda mais o relacionamento com os armadores, a fim de desenvolver projetos logísticos integrando todos os serviços de nosso portfólio, e trazer novas linhas, aumentando nossa participação no mercado”, diz.

A gerente, que já esteve do outro lado da mesa, trabalhando em armadores, destaca que sempre manteve uma relação próxima com o Terminal, desenvolvendo negócios e projetos em conjunto. “Testemunhei uma grande mudança cultural e na estratégia da TCP, que foi muito positiva e sempre tive uma enorme identificação e admiração pelo trabalho desenvolvido pelo Thomas Lima, diretor Institucional e Comercial do Terminal. Tudo isso unido a vontade que sempre tive de trabalhar em um terminal portuário formaram o cenário ideal que motivaram a minha mudança”, explica.

Thomas Lima enfatiza que a experiência da gerente, aliada às mudanças positivas que a empresa teve em suas principais orientações, deve fortalecer as relações do Terminal junto aos armadores, além de gerar novos negócios. “Reestruturamos nossa área comercial com objetivo de olhar com mais sensibilidade para os armadores. Com visão de longo prazo, foco nos clientes e em relações que gerem benefícios mútuos, a Carolina teve um alinhamento natural com todo nosso time e chega em um momento mais do que oportuno para agregar seus conhecimentos. Ela tem competência de sobra e certamente irá contribuir muito na consolidação da nossa estratégia”, afirma.

TRAJETÓRIA

Carolina Brown chegou no Comércio Exterior por um “desvio de rota”, como ela define. O plano inicial era fazer faculdade de Direito, mas a disputa acirrada no vestibular e um empurrãozinho da mãe fizeram com que ela mudasse a opção de curso. “Acabei me apaixonando pelo curso e logo no segundo ano comecei a trabalhar na área Comercial de uma Agência Marítima que representava alguns armadores, pois na época poucos tinham estrutura própria no Brasil. A partir de então, praticamente toda minha trajetória profissional foi trilhada na área comercial de armadores, direta ou indiretamente, com algumas passagens por agentes de cargas e desde muito cedo assumindo posições de gestão”, revela.

Entre os desafios encontrados, a executiva aponta que o primeiro deles foi assumir posições de gestão de equipes ainda muito jovem. “Na época tive que conciliar a vida acadêmica com as demandas e responsabilidades que a posição impunha, com isso meu maior aprendizado aconteceu na prática e de forma muito dinâmica, o que exigiu um amadurecimento profissional bastante precoce”, conta.

Em um setor majoritariamente masculino, ser jovem e mulher a fez brigar por condições iguais às de seus colegas homens. “Percebia o preconceito de algumas pessoas, inclusive de outras mulheres, e entendia a necessidade de provar que estava ali devido a minha competência. Nesse tempo, aprendi que a gente erra quando se anula ou se cala, quando aceita situações que não concorda ou quando não luta pelo que acredita, e que o caminho para perseverarmos tem que ser trilhado diariamente com muito trabalho, seriedade, preparo, dedicação, mas acima de tudo com posicionamento”, avalia.

INCLUSÃO

Mãe de dois filhos, Carolina afirma que uma das suas principais conquistas foi conseguir conciliar a vida profissional e pessoal. ”Por muito tempo, talvez pela ideia pré-concebida que eu tinha de que a mãe era a única responsável pela criação de seus filhos, me cobrava muito por dedicar tantas horas do meu dia ao meu trabalho e não a eles, até que finalmente aceitei que a minha realização profissional é tão importante para mim quanto a realização pessoal e que as duas coisas podem e devem caminhar juntas”.

Na avaliação da executiva, apesar da inclusão da mulher no setor de logística ser uma realidade, ainda há espaço a ser conquistado – especialmente em posições de liderança e empreendedorismo. “O sexo não deveria ser um fator determinante ou diferencial em qualquer processo seletivo, análise de perfil ou oportunidade. Pessoalmente, não sou a favor qualquer tipo de segregação ou predileção para nenhum dos lados e acredito que homens em mulheres devem ser avaliados por suas competências e habilidades e igualmente remunerados, porém infelizmente ainda encontramos situações em que esta diferenciação é feita. Na TCP isso não acontece, aqui a oportunidade é igual para todos”, afirma.

Nesse sentido, o diretor Comercial e Institucional da TCP, Thomas Lima, reforça que a política da empresa é pela inclusão e diversidade. “A TCP é pioneira em promover a diversidade. Nas duas últimas décadas, a presença feminina entre os colaboradores cresceu quase 20 vezes, com mulheres ocupando diversos tipos de posição e em todos os níveis hierárquicos da empresa. Vale dizer que essa inclusão ocorre de forma natural”, finaliza.

Thaisa Tanaka