Agronegócio

Pandemia, aumento de pragas e novas liberações do produto contribuíram para o crescimento de importações

A TCP, empresa que administra o Terminal de Contêineres de Paranaguá, registrou um aumento de 95% na movimentação de defensivos agrícolas no período entre janeiro e agosto de 2022, em comparação com o mesmo período de 2021. Ao todo, foram importadas mais de 166 mil toneladas do produto. Desafios no comércio exterior, benefícios governamentais e estratégias dos importadores influenciaram no crescimento.

Entre as empresas que mais importaram defensivos agrícolas na TCP está a CHD’S do Brasil, que nos primeiros meses de 2022 aumentou em 700% a compra deste tipo de produto em comparação com o mesmo período de 2021. De acordo com a diretora sócia da CHD’S, Leila Zorzetto, “o principal motivo do aumento de importação foi nosso crescimento no mercado e a ampliação de nosso portfólio com a aprovação de novos registros”.

As crescentes liberações realizadas pelo governo federal, autorizando a importação de novos defensivos agrícolas, contribuíram para o aumento de movimentações do setor. Segundo o Ministério da Agricultura, só em 2021 foram 562 produtos do tipo autorizados. Outro motivo para a disparada das importações é o clima seco, que torna o ambiente propício para proliferação de pragas e insetos.

De acordo com a diretora executiva do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), Eliane Kay, “o Paraná é uma das maiores potências agrícolas brasileiras. O estado sofre com o impacto de insetos, fungos e plantas daninhas, que afetam sensivelmente a produtividade.” O Sindicato afirma que plantas daninhas e os insetos sugadores – moscas-brancas, cigarrinhas e percevejos – afetaram diretamente as lavouras paranaenses de soja, milho e cana no primeiro semestre deste ano. Juntas, as três culturas geram mais de R$ 46,6 bilhões em valor de produção no estado, anualmente, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Importação por Paranaguá

Os principais clientes importadores de defensivos agrícolas da TCP movimentaram, juntos, um total de 11.382 TEUs (unidade de medida padrão para um contêiner de 20 pés) em 2022. O número é quase o dobro de 2021, que registrou movimentação de 5.851 TEUs de janeiro a agosto. Segundo Giovanni Guidolim, gerente comercial e de atendimento da TCP, a pandemia reduziu a oferta de matérias primas no mercado. “Em 2022, prevendo nova falta de produtos, os nossos clientes intensificaram as importações para antecipar as próximas safras, resultando em um grande estoque da mercadoria”, explica Guidolim.

No caso da CHD’S, a estocagem aconteceu como uma medida de cautela em relação ao aumento do frete marítimo e novos lockdowns. “Como nossos produtos são sazonais, antecipamos alguns embarques”, comenta Zorzetto.  

De acordo com dados do Sindiveg, o mercado de defensivos agrícolas no Paraná representou 10% da aplicação total brasileira no primeiro semestre de 2022.  O estado aplicou mais de US$ 630 milhões em insumos no período, valor 12% maior em relação ao mesmo período do ano anterior – algo motivado tanto pela incidência de insetos e plantas daninhas como pelo aumento de área plantada e por antecipação de compras e sazonalidade.

 “Apesar do Paraná ter aumentado em 12% o valor adquirido do produto, na TCP verificamos um crescimento de 95% no volume movimentado. O motivo disso é que temos empresas de diversos estados optando por Paranaguá pelas condições de infraestrutura exclusivas para armazenagem de carga IMO que oferecemos, além do maior pátio para contêineres e melhores condições comerciais do Brasil. A nossa franquia de 10 dias livres de armazenagem concede mais flexibilidade às empresas, e vem de encontro com a tendência de maior estocagem deste mercado”, comenta Guidolim.

Segundo o Sindiveg, a tendência para os próximos meses é de intensificar a importação de matérias-primas. “Em razão do agravamento dos desafios sanitários causados por pragas e doenças, não só o Paraná, mas todos os estados brasileiros, devem manter intensa aquisição de produtos para a safra 2022/2023”, prevê Eliane Kay.

Mayara Locatelli